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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Tensão no Egito

Slobodan Milosevic, Muammar al-Khadafi, Saddam Hussein, Ben Ali, Hosni Mubarak dentre outros têm elos de semelhança: controle de minorias radicais, anuência da ONU e dos EUA mantendo-os no poder, apesar de enfraquecidos e parcelas de suas sociedades adeptas ao Islamismo.


Os artigos que li, até então, têm passado por estes importantes fatores da equação de forma muito superficial apesar da experiância acumulada com o tempo observando e reportando conflitos nas regiões dos Balcãns e da Liga das Nações Árabes.


Os motivos pelos quais a ONU, Reagan, Margerth Tatcher e, atualmente, Obama, o premio Nobel da Paz sem ter sentado na cadeira e nada feito além de propostas pueris e risíveis (acerca de uma nova proposta de diplomacia no seu famoso "Yes We can change" - relembrando-se que ele retitou a moção no Congresso acerca do fechamento da prisão de Guantanamo) precisam ser melhor explorados pela mídia tanto internacional como nacional.


Outro fator que considero erro é querer encarar as demandas daquelas sociedades por democracia e igualdades de direito como as nossas ocidentais, pois tenho certeza que se este ditador cair as mulheres, a título de exemplo, continuarão com acesso restrito ao mercado de trabalho e, muitas, ainda continuarão com seus véus andando a dois metros atrás dos maridos de cabeça baixa quando cruza com alguém. Se isto mudará com a queda de Mubarak eu duvido muito.


Há mais fenômenos importantes a serem explorados. Vamos aguardar para ver quem mais se aprofunda e esclarece, até lá tenho lido muitos "lugar comum" nas escritas dos repórteres e especialistas.




Tensão no Egito


FOLHA DE S. PAULO


Apesar da violência dos últimos dias no Cairo, saída do ditador Mubarak e uma transição negociada parecem ser o cenário mais provável.

Em 14 de outubro deste ano, o ditador egípcio, Hosni Mubarak, completaria 30 anos no poder. Ao que tudo indica, o déspota não chegará a comemorar a data.

Ontem, 11º dia dos protestos que paralisam o Egito, milhares voltaram à praça Tahrir ("libertação"), no Cairo. A violenta reação de grupos pró-Mubarak nos últimos dias, ao que parece uma massa de policiais à paisana e mercenários, provou-se insuficiente para calar o clamor popular.

O ditador de 82 anos afirmou que está farto do poder e só não sai por temer que o Egito "afunde no caos". As indicações do momento, porém, são de que sua partida já é negociada com os EUA.

O principal candidato a sucedê-lo, nesse cenário, é o general Omar Suleiman, escolhido por Mubarak para ser seu vice na semana passada, depois de o posto ficar vago por três décadas.

O Egito pós-Mubarak projeta uma série de enigmas. O primeiro diz respeito ao Exército, décimo maior do mundo, com 500 mil homens. Instituição respeitada no país, é guardiã de valores nacionalistas e seculares. Pode vir a representar um papel semelhante ao do Exército turco, que atua como freio ao radicalismo islâmico.

O segundo enigma concerne a Irmandade Muçulmana, organização religiosa criada em 1928, durante luta contra o domínio britânico. Na ilegalidade desde os anos 50, compõe-se de maioria moderada que rejeita a violência, mas abriga bolsões extremistas.

A Irmandade tem apoio estimado de 20% a 30% da população. Resta saber se adotará um programa equilibrado para ampliar sua base ou se, menos provável, apostará numa radicalização ao estilo dos palestinos do Hamas.

Por fim, há o posicionamento dos EUA. Por décadas apegados à noção de que é melhor uma ditadura amiga do que o risco de uma teocracia islâmica, em poucos dias evoluíram do apoio inicial a Mubarak a pedidos inequívocos para que deixe o poder. Já parecem dar-se conta de que o futuro governo egípcio será menos submisso a seus interesses.

O Brasil, nesse aspecto, tem adotado a cautela necessária diante da situação volátil, numa região em que o país possui poucos interesses diretos. A nota dissonante veio da embaixada no Cairo, de onde partiram declarações alguns tons acima do oficial.

O futuro governo egípcio terá de se posicionar sobre muitos temas sensíveis, do tratado de paz de 1979 com Israel ao respeito às minorias religiosas. Uma transição ordenada, agora, é o melhor cenário para afastar o espectro de convulsões mais violentas no país.

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