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sábado, 12 de fevereiro de 2011

"O Congresso não tem ideologia"

Valor Econômico

Um levantamento feito em 2010 por cientistas políticos do Centro de Estudos Legislativos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontou que, embora a dicotomia entre a esquerda e a direita tenha perdido força na política nacional, a divisão ideológica é bastante evidente nos políticos que se elegeram para as duas últimas legislaturas.

"A direita e a esquerda existem no Congresso e isso é manifestado em posicionamentos partidários coerentes dentro de temas nacionais", afirma o coordenador do estudo, o cientista político Carlos Ranulfo.

Entre abril e julho de 2010, sua equipe entrevistou 127 deputados para o projeto "Representação política e qualidade da democracia: um estudo das elites parlamentares da América Latina", da Universidade de Salamanca (Espanha), que vem sendo realizado periodicamente em 17 países da América Latina.

Foi apresentado um questionário aos parlamentares com perguntas divididas em quatro eixos: democracia (papel das eleições na democracia, confiança nas Forças Armadas), estatismo (subsídios à habitação, proteção ao ambiente, privatização), integração regional (importância dos países latinos, importância dos EUA) e valores (aborto, divórcio, religiosidade). As respostas deveriam ser dadas numa escala de 0 a 10. Os parlamentares também tiveram de dizer como se classificam, como classificam seu partido e ainda os outros partidos.

Quanto menor a "nota", maior o "esquerdismo" do parlamentar. Na pesquisa, a distinção entre as duas posições foi a do filósofo italiano Norberto Bobbio, que, basicamente, colocou a esquerda como defensora principalmente da igualdade e dos direitos coletivos, enquanto a direita teria preferência pela liberdade e pelos direitos individuais. Nessa linha, a esquerda seria mais propensa a apoiar, por exemplo, ações como intervenções do Estado na economia que resultassem em gastos sociais. A direita seria mais pró-mercado e favorável a uma participação mínima do Estado na vida do cidadão.

O levantamento, ainda não publicado, mostrou semelhança com o realizado pela mesma equipe quatro anos atrás, no qual a maioria dos partidos fica entre 3,4 e 7,2. Na extrema-esquerda situaram-se partidos pequenos, como o PCdoB, enquanto na outra ponta ficam o DEM e o PP. Outro dado relevante no estudo é o que os partidos pensam dos outros. Petistas costumam deslocar todos os outros para a direita (classifica o DEM como 9,65; o PP com 9,22; o PTB com 8,48; o PSDB com 7,57; o PMDB com 6,7). PSDB e DEM são coincidentes em avaliar que os partidos mais à direita são PTB e PP, mas os tucanos classificam o DEM como mais à direita (7,33), enquanto o DEM os coloca em nível inferior de comportamento à esquerda (5,94).

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