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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Lula será Professor Honoris Causa da UFPB


O sujeito envaidece-se por nunca ter lido um livro; arrogante, lembrou várias vezes que não é preciso ter diploma universitário para ser Presidente da República; sob seu governo, os professores universitários tiveram ridículos reajustes salariais (conseguidos sempre graças a longas greves) e, hoje, são uma classe de profissionais qualificados de baixa remuneração.
E o Magnífico Reitor da UFPB, em troca de algumas verbas – que, diga-se de passagem, são obrigação do governo federal para manutenção, ampliação e aperfeiçoamento das universidades federais – considera que um sujeito que atropela a Língua Portuguesa, que dá péssimo exemplo como incentivo à leitura, cujo governo institucionalizou a corrupção, levando-o a defender, em inúmeras ocasiões, todos aqueles que foram/ são acusados ou suspeitos de corrupção, sugerindo às novas gerações que ser corrupto é bom e torna a pessoa ilustre e bem relacionada com o governo, merece o título de Doutor “Honoris Causa”.
O Magnífico Reitor, em troca de algumas verbas, perdeu o senso crítico; esqueceu que foi escolhido para gerir e representar a comunidade acadêmica, que sempre o honrou e o respeitou, e que merece ser honrada e respeitada pelo seu Reitor.
Sem senso crítico, o Reitor e mais todos os outros conselheiros que foram e são favoráveis a tal homenagem dão prova cabal de servilismo ao partido que está no poder, de bajulação e de pouco zelo pela titulação acadêmica. Dizem às novas gerações que os diplomas universitários não têm valor e nem importância; o que importa é conseguir ser militante de partido que governa, ser falastrão, engendrar metáforas grosseiras, jamais ler sequer um livro e encontrar uma comunidade acadêmica disposta à bajulação e ao servilismo, para, desse modo, permanecer na mediocridade intelectual, mas ostentando um diploma de alto grau.
É essa UFPB, que vai conceder a Lula seu mais alto título, que acaba de ter boa parte do acervo de sua Biblioteca Central danificada por vazamentos e goteiras. É essa UFPB que zela por seu patrimônio intelectual, conservado na Biblioteca Central, que vai consagrar a rudeza intelectual cultivada e assumida no alto dos muitos palanques. Afinal, para que a UFPB precisa cuidar dos livros da Biblioteca Central, se ler livros não tem a menor importância?
Ainda não vi meus colegas se pronunciarem sobre esse lamentável incidente de equívoco acadêmico. Só espero que não apareça algum professor doutor falando contra as elites intelectuais e em democratização da universidade, para justificar a bajulação e o servilismo.
Antes que alguém tenha o trabalho de dizer: sou elite intelectual, sim. Sou Doutora em Letras porque estudei muitos anos para isso. Li e leio muitos livros e já publiquei alguns. Sou acadêmica e sou contra a deterioração dos valores acadêmicos. Tenho zelo pelo diploma de doutorado que fiz por merecer, estudando, lendo, pesquisando e buscando formar outros intelectuais. Se ter cultura, formação universitária, inúmeras publicações (livros, artigos, trabalhos em congressos nacionais e internacionais, CDs de dados), ter lecionado na França e em mais de uma universidade brasileira, ter senso crítico, respeitar os valores universitários, é ser elite, então sou elite e não gosto de ver a mediocridade intelectual pontificar com diploma de doutor.
Não é por Coimbra ter colocado no seio de seu egrégio colégio de doutores um sujeito que tem orgulho de nunca ter lido um livro, que vou aceitar que a UFPB vulgarize os títulos acadêmicos.
Democracia na Universidade consiste em oportunidades iguais para todos que desejem crescer na Ciência, na Tecnologia, nas Humanidades. Democracia na Universidade não implica baratear o diploma acadêmico de alto reconhecimento de mérito intelectual ou científico ou cultural, em troca de algumas verbas, que não passam de obrigação do governo federal. Democracia na Universidade não é bajulação, cooptação e nem subserviência ao partido que está no poder. Ser democrata na Universidade é ter senso crítico, ter opinião e defender a liberdade de opinião; é ter qualificação para o exercício profissional e intelectual na Universidade; é sentir-se honrado em ser portador dos diplomas conquistados com estudo e pesquisa.
Uma pergunta que não quer calar: onde está o sindicato dos professores – a ADUFPB?
Sônia Maria van Dijck Lima – doutora em Letras (USP, 1989) - aposentada – DLCV/CCHLA/UFPB – meu CV está na Plataforma Lattes

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