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terça-feira, 1 de março de 2011

Os lugares comuns da Educação

Bem, cansei de ouvir falar que o problema do Brasil é a Educação. Não concordo que seja apenas um problema, são muitos, todavia virou lugar comum atribuir à Educação a fonte primeira e, quem sabe, a única de nossos problemas.

Claro está que com baixo nível de Educação uma sociedade tem muita dificuldade de se desenvolver, entretanto o nosso problema é que, de uns anos para cá, sobretudo quando a chamada “esquerda” queria alçar o poder começou a criar um mantra que é repetido em todos os cantos e rincões do país. Não só no Brasil como em todo o continente sul-americano e na América Central a “esquerda” vem sendo maioria arrasadora entre prefeitos, vereadores, deputados e governadores, em todos os países e todos, com pouquíssimas exceções tais como Costa Rica e Chile, não conseguiram diminuir a desigualdade social e atingir níveis decentes de desenvolvimento. Todos os demais, inclusive nós, patinamos em muitos dos segmentos mensuráveis de desenvolvimento tais como educação, saúde, emprego, saneamento básico, segurança pública, moradia etc etc.

O principal problema que vejo no mantra implantado pelos intelectuais e políticos de esquerda é que a falha de Educação deva ser atribuída ao Estado, todavia vejo ser um ledo engano. A Educação cujo Estado é o responsável pouco tem de atuação na formação do cidadão comparado aos demais vetores de formação aos quais todos nós concorremos.

Todos somos pacientes e agentes neste processo. A questão reside na nossa histórica e idiossincrática dificuldade de se responsabilizar pelo bem-comum e desenvolvimento coletivo.

Se olharmos para as escolas públicas, a título de exemplo, subordinadas ao Estado temos o problema de infra-estrutura, falta de professores, baixa remuneração que interfere na qualidade do ensino. Mas também temos a violência de jovens entre si e contra professores e orientadores. Este problema é de difícil solução em função de nosso perfil leniente de enfrentamento do problema. Aluno que bate em professor tem a defesa do Estatuto da Criança e do Adolescente.

A questão das matérias e do tempo que alunos passam em sala de aula e sua capacidade de agregar valor sofre forte influência de correntes ideológicas dos pedagogos e educadores. Matérias de cunho prático têm que dividir terrenos com matérias “de conscientização e de cidadania”. Não admira nossos pífios resultados em competições internacionais de ensino bem como a flagrante falta de mão-de-obra qualificada no mercado, sobretudo em indústria de transformação e de produtos de alto valor agregado, onde passamos pelo vexame de recrutar estrangeiros melhores preparados.

A questão maior que vejo é que o cidadão, em sua postura omissa de vivenciar uma democracia responsável, atribui ao Estado, quando não a outrem, o problema. Ele não consegue enxergar sua parcela de responsabilidade.

Eu vejo que o cidadão comum falha no processo educacional de muitas formas nas quais o Estado não tem responsabilidade direta. As novelas, os programas vespertinos de violência, as músicas maliciosas, o comportamento pouco ético no dia a dia, sobretudo ao querer levar vantagem nos pequenos eventos econômicos, falar ao celular, estacionar em filas duplas, ocupar vagas de deficientes e idosos em estacionamentos, dirigir de forma irresponsável, dar golpe no imposto de renda ou em qualquer outra transação comercial, comprar produtos piratas, clonar cartões, avançar sinal amarelo, bloquear cruzamentos, enfim, uma miríade de atos pouco éticos ou recomendáveis que, todos os dias se verifica em qualquer das 5640 cidades brasileiras. Claro está que crianças e jovens aprendem com estas desditas e mais adiante as praticam com naturalidade, pois os mau-exemplos são fartos e pululantes.

Acredito que mesmo que conseguíssemos fazer jorrar petróleo em nosso quintal ao arrancar capim ou ervas daninhas ainda assim não teríamos embocadura para sermos país de primeiro mundo e se, por acidente, atingíssemos tal patamar, nele não nos manteríamos por muito tempo.

Desde que acompanho, com atenção, noticiários e leio jornais, e lá se vão mais de quarenta e cinco anos, sempre a Educação em sua incipiência ou falta, é o cerne de nosso atraso. Só que neste tempo todo, o pacato, serelepe, alegre e “tudaver” cidadão brasileiro ainda não conseguiu enxergar sua parcela de responsabilidade nesta complexa equação.

Enfim, quem sabe se, com tanto acesso à comunicação, afinal temos mais de 95% de lares com televisões e mais de 98% com rádios, consigamos lá por...vejamos... 2083 iniciar um movimento coletivo de mudança. Bem, vou esperar meus netos no céu para perguntar se deu certo.

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