Como piloto digo que o tema é eminentemente técnico com decisão política por assim determinar nosso elenco legislativo outorgado à decisão do Presidente da República por intermédio de uma magnânima e democrática decisão da Constuição Federal.
Mas se essa decisão política não estiver de acordo com a vontade soberana da sociedade ao invés da conveniência individual de Lula ou de Dilma sou a favor que a sociedade entre na discussão.
Já que há a possibilidade de se esculhambar trabalho de profissionais sérios cabe ao ator principal de nosso país, o povo, decidir por referendo. Aliás não foi o próprio Lula que disse antes da disputa com Serra que o levou a presidência que seu governo seria, em todas as hipóteses, um governo de consenso? Esta é a oportunidade final de ele cumprir algo que prometeu e fez questão de levar ao esquecimento.
A escolha dos caças
FOLHA DE S. PAULO
8/12/2010
Conduzida de maneira lenta, inábil e confusa, a escolha dos novos caças que o Brasil pretende adquirir recebe, do governo Lula, o único encaminhamento sensato a três semanas do fim do mandato: o adiamento da decisão.
Caberá a Dilma Rousseff, já como chefe de Estado, bater o martelo por um dos três modelos em disputa -o Rafale, de fabricação francesa; o F-18, construído pela americana Boeing; ou o sueco Gripen. Partiu, aliás, da presidente eleita a exigência de novas informações técnicas sobre o processo de escolha, e sua transferência para o próximo governo.
A necessária renovação da frota da Força Aérea Brasileira se arrasta desde a presidência de Fernando Henrique Cardoso. O anúncio, já sob Lula, de que o país pretendia comprar 36 novos caças, ao custo de pelo menos R$ 10 bilhões, gerou o interesse de fabricantes militares internacionais -e os atuais modelos em disputa foram pré-selecionados pelo governo brasileiro.
Desde então o processo tem sido marcado mais por movimentações políticas, gafes e incompreensíveis adiamentos do que pela análise técnica.
Com a concorrência ainda em curso, o presidente Lula chegou a anunciar a escolha do Rafale, então o mais caro da disputa, para depois recuar. A preferência do Planalto pelos caças franceses é justificada pela intenção de estabelecer uma parceria estratégica, política e militar, com Paris.
Interessa ao governo o apoio já declarado da França à inclusão do Brasil no Conselho de Segurança da ONU e uma aproximação com uma potência militar relativamente independente dos Estados Unidos. O modelo da fabricante Dassault, no entanto, ficou em terceiro e último lugar em extenso relatório produzido pela própria Aeronáutica, que dá preferência à compra do avião sueco.
É de esperar que a nova presidente tenha a oportunidade de pesar os argumentos e considerar se o critério que dá sustentação ao caça francês sobrevive a um exame técnico. E que a decisão seja tomada o mais breve possível, sem novos adiamentos.
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